Hoje, boa parte das montadoras já trabalha com custos fechados de revisão, geralmente uma tabela pública de preços publicada no site da marca ou no balcão da concessionária. Mas o que muita gente não sabe é que esses valores não incluem algumas despesas inesperadas, que podem até dobrar o custo total do serviço. E não estamos falando da célebre empurroterapia, quando a autorizada oferece serviços desnecessários. O fato é que as fábricas não têm como calcular com precisão o prazo ou a quilometragem para a troca de peças cujo desgaste depende da forma como o motorista dirige ou das condições em que o veículo roda. Entre os principais itens dessa lista de imprevistos, estão discos, pastilhas, sapatas e tambores de freio, components da suspensão e palhetas do limpador.
Para saber o que está de fora da revisão, é só checar o livreto de manutenção do carro, que indica quilometragens e prazos para os serviços programados pela fábrica, valendo sempre o que vier primeiro. Nessa hora, você vai descobrir que há variações de marca para marca - a Ford, por exemplo, pede revisões a cada seis meses, contra um ano da maioria.
Portanto, se você recebeu um orçamento maior que o previsto, necessariamente não é má-fé da concessionária. É só checar a tabela ao lado para ver exemplos de como o serviço programado pode ficar bem mais caro ao se incluir a troca de peças de desgaste natural. Veja um caso simples: a revisão de 60 000 km do Agile custa, segundo o site da GM, 524 reais. Mas se a embreagem estiver desgastada, o que não é raro nessa quilometragem, o dono vai tomar um susto: terá de desembolsar mais 771 reais pelo kit de rolamento, disco e platô. Conta final da revisão: 1295 reais, sem a mão de obra dessa troca.
Foi o mesmo susto que tomamos este mês na revisão dos 40 000 km do nosso Peugeot 3008 de Longa Duração. A tabela indicava 655 reais, mas pagamos 1 589 reais por causa de outros reparos necessários, como pastilhas de freio, alinhamentos e limpeza de bico injetor (leia a matéria completa na pág. 91).
No entanto, deve-se tomar cuidado também com a empurroterapia, assunto para o qual as fábricas insistem em dizer que "estão atentas", mas que ainda é bem comum. "Nossa margem de lucro caiu nos últimos anos. Os prazos maiores de garantia nos ajudam, mas ainda precisamos complementar com mais alguns serviços", diz o consultor de uma concessionária que não quer se identificar, ao justificar o hábito de tentar vender serviços desnecessários.
Por isso, há técnicos que fazem um verdadeiro terror com os clientes. "Quando fui fazer a revisão do meu Citroën C3, a tabela era de 420 reais. Mas disseram que eu tinha de fazer descarbonização do motor, limpeza dos bicos, alinhamento da suspensão, trocar o óleo do câmbio e limpar o radiador. O valor final da conta passou dos 1 000 reais", diz a advogada Maria Batista Martins. "E ainda falaram que, se eu não fizesse, o carro poderia quebrar no meio da rua."
Nesses casos, é preciso ter muita calma e conhecer bem o automóvel. Verifique com cuidado o livreto de manutenção e, na dúvida, peça a opinião de um mecânico de confiança antes de aprovar o orçamento da autorizada. E muita atenção com a polêmica limpeza de bicos, para descobrir quando ela deve ser realizada. Para boa parte dos mecânicos, ela só é necessária se o motor estiver falhando e apresentando consumo elevado. "Para comprovar que a culpa está na peça, basta retirar os injetores e fazer o teste numa bureta, que vai aferir a quantidade de combustível que passa por cada bico", diz Antonio Gaspa de Oliveira, diretor técnico do Sindirepa-SP (sindicato das oficinas de São Paulo).
No outro extremo, há os serviços que são ignorados por muitos motoristas, principalmente quando o carro sai da garantia. Os mais importantes são o alinhamento de direção e o balanceamento das rodas. "Recomendamos fazer os dois a cada 10000 km, para garantir a durabilidade dos pneus", afirma Ricardo Lima, gerente de engenharia da DPaschoal.
Há ainda outro tipo imprevisto, como o que aconteceu com o professor Arthur Ferreira. Ele comprou um Ford Focus no início de 2010 e viu um cartaz com os preços fixos de revisão. Quando foi fazer a Terceira revisão, tomou dois sustos. O primeiro: os valores "fixos" haviam sido reajustados. "De vez em quando, passo em frente à concessionária e vejo que os preços mudam", ironiza. É a inflação chegando também ao setor de serviços e autopeças. O segundo foi pior. "A recepcionista não sabia os preços e precisou consultar o site da Ford", disse. Assustado com os valores, ele desistiu de fazer a revisão naquela concessionária e foi consultar o site da Ford. "Lá, descobri um asterisco dizendo que os preços têm validade e que podem ser alterados sem aviso prévio", disse. "Ou seja, não há preço fixo de verdade. Isso induz o consumidor ao erro", afirma Arthur, que agora pretende procurar o Procon para reclamar.
Essa experiência mostra que se deve tomar cuidados extras. Um deles: verificar se o preço praticado é o mesmo indicado pela fábrica no site ou se é apenas um valor sugerido. Nesse caso, vale a pena pesquisar mais. Das marcas consultadas, só Renault e Citroën afirmaram que os preços de revisão são tabelados. Fiat e Peugeot informaram que os valores são sugeridos. As demais marcas não se manifestaram até o fechamento desta edição.
O segundo cuidado é verificar se a mão de obra está incluída ou não. A Volkswagen dá a primeira revisão com mão de obra grátis. As demais estão "inclusas no serviço". A Hyundai só cobra as peças e não o serviço nas duas primeiras revisões. Da terceira em diante, a mão de obra é cobrada, mas a marca coreana não informa valores.
Para saber o que está de fora da revisão, é só checar o livreto de manutenção do carro, que indica quilometragens e prazos para os serviços programados pela fábrica, valendo sempre o que vier primeiro. Nessa hora, você vai descobrir que há variações de marca para marca - a Ford, por exemplo, pede revisões a cada seis meses, contra um ano da maioria.
Portanto, se você recebeu um orçamento maior que o previsto, necessariamente não é má-fé da concessionária. É só checar a tabela ao lado para ver exemplos de como o serviço programado pode ficar bem mais caro ao se incluir a troca de peças de desgaste natural. Veja um caso simples: a revisão de 60 000 km do Agile custa, segundo o site da GM, 524 reais. Mas se a embreagem estiver desgastada, o que não é raro nessa quilometragem, o dono vai tomar um susto: terá de desembolsar mais 771 reais pelo kit de rolamento, disco e platô. Conta final da revisão: 1295 reais, sem a mão de obra dessa troca.
Foi o mesmo susto que tomamos este mês na revisão dos 40 000 km do nosso Peugeot 3008 de Longa Duração. A tabela indicava 655 reais, mas pagamos 1 589 reais por causa de outros reparos necessários, como pastilhas de freio, alinhamentos e limpeza de bico injetor (leia a matéria completa na pág. 91).
No entanto, deve-se tomar cuidado também com a empurroterapia, assunto para o qual as fábricas insistem em dizer que "estão atentas", mas que ainda é bem comum. "Nossa margem de lucro caiu nos últimos anos. Os prazos maiores de garantia nos ajudam, mas ainda precisamos complementar com mais alguns serviços", diz o consultor de uma concessionária que não quer se identificar, ao justificar o hábito de tentar vender serviços desnecessários.
Por isso, há técnicos que fazem um verdadeiro terror com os clientes. "Quando fui fazer a revisão do meu Citroën C3, a tabela era de 420 reais. Mas disseram que eu tinha de fazer descarbonização do motor, limpeza dos bicos, alinhamento da suspensão, trocar o óleo do câmbio e limpar o radiador. O valor final da conta passou dos 1 000 reais", diz a advogada Maria Batista Martins. "E ainda falaram que, se eu não fizesse, o carro poderia quebrar no meio da rua."
Nesses casos, é preciso ter muita calma e conhecer bem o automóvel. Verifique com cuidado o livreto de manutenção e, na dúvida, peça a opinião de um mecânico de confiança antes de aprovar o orçamento da autorizada. E muita atenção com a polêmica limpeza de bicos, para descobrir quando ela deve ser realizada. Para boa parte dos mecânicos, ela só é necessária se o motor estiver falhando e apresentando consumo elevado. "Para comprovar que a culpa está na peça, basta retirar os injetores e fazer o teste numa bureta, que vai aferir a quantidade de combustível que passa por cada bico", diz Antonio Gaspa de Oliveira, diretor técnico do Sindirepa-SP (sindicato das oficinas de São Paulo).
No outro extremo, há os serviços que são ignorados por muitos motoristas, principalmente quando o carro sai da garantia. Os mais importantes são o alinhamento de direção e o balanceamento das rodas. "Recomendamos fazer os dois a cada 10000 km, para garantir a durabilidade dos pneus", afirma Ricardo Lima, gerente de engenharia da DPaschoal.
Há ainda outro tipo imprevisto, como o que aconteceu com o professor Arthur Ferreira. Ele comprou um Ford Focus no início de 2010 e viu um cartaz com os preços fixos de revisão. Quando foi fazer a Terceira revisão, tomou dois sustos. O primeiro: os valores "fixos" haviam sido reajustados. "De vez em quando, passo em frente à concessionária e vejo que os preços mudam", ironiza. É a inflação chegando também ao setor de serviços e autopeças. O segundo foi pior. "A recepcionista não sabia os preços e precisou consultar o site da Ford", disse. Assustado com os valores, ele desistiu de fazer a revisão naquela concessionária e foi consultar o site da Ford. "Lá, descobri um asterisco dizendo que os preços têm validade e que podem ser alterados sem aviso prévio", disse. "Ou seja, não há preço fixo de verdade. Isso induz o consumidor ao erro", afirma Arthur, que agora pretende procurar o Procon para reclamar.
Essa experiência mostra que se deve tomar cuidados extras. Um deles: verificar se o preço praticado é o mesmo indicado pela fábrica no site ou se é apenas um valor sugerido. Nesse caso, vale a pena pesquisar mais. Das marcas consultadas, só Renault e Citroën afirmaram que os preços de revisão são tabelados. Fiat e Peugeot informaram que os valores são sugeridos. As demais marcas não se manifestaram até o fechamento desta edição.
O segundo cuidado é verificar se a mão de obra está incluída ou não. A Volkswagen dá a primeira revisão com mão de obra grátis. As demais estão "inclusas no serviço". A Hyundai só cobra as peças e não o serviço nas duas primeiras revisões. Da terceira em diante, a mão de obra é cobrada, mas a marca coreana não informa valores.
VIDA ÚTIL
Mecânicos estimam que, no uso normal e em cidades sem muitas ladeiras ou ruas esburacadas, as seguintes peças devem durar, nas mãos de um bom motorista:
Embreagem:
de 60 000 a 80 000 km
Amortecedores:
de 80 000 a 100 000 km (embora seus fabricantes recomendem a troca aos 40 000)
Pastilhas de freio:
de 20 000 a 30 000 km
Palhetas do limpador:
um ano
GASTO COM DESGASTE
Valores em real para revisões programadas e peças de troca prevista*
Fiat Uno 1.0
15000 km - 164
30000 km - 464
45000 km - 396
60000 km - 924
Embreagem: 297
Pastilhas de freio: 104
Palhetas: 48
Lâmpada do farol: 40
Amortecedores: 522
Ford Focus Hatch 1.6
10000 km - 232
20000 km - 304
30000 km - 388
40000 km - 876
50000 km - 364
60000 km - 764
Embreagem: 654**
Pastilhas de freio: 268
Palhetas: 73
Lâmpada do farol: 29
Amortecedores: 1241
Chevrolet Agile 1.4
10000 km - 152
20000 km - 388
30000 km - 460
40000 km - 348
50000 km - 804
60000 km - 524
Embreagem: 771
Pastilhas de freio: 82
Palhetas: 53
Lâmpada do farol: 50
Amortecedores: 505
* Valores para kit completo de embreagem, par de pastilhas dianteiras, par de palhetas, lâmpada do farol esquerdo e o jogo de amortecedores
** Preço inclui o sistema de acionamento hidráulico
Nenhum comentário:
Postar um comentário